quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

consciência negra das artes na contemporaneidade...Evento de amigos

A ancestral idade: cozinha e arte contemporânea

Como parte da programação cultural do Estado de Pernambuco para a Semana da Consciência Negra, o Museu de Arte Contemporânea de Olinda hospedou o evento conhecido como Cozinha: consciência negra das artes na contemporaneidade, organizado pela 3ecologias.net, com apoio da Fundarpe, e curadoria de Mãe Beth de Oxum, Edson Barrus e Ricardo Ruiz: interlocutor que aqui vos escreve. O evento trazia em seu cerne a ocupação do museu como convívio entre artistas e público, contemporâneos em seu tempo e em sua ação no universo estético, político e social. Buscava atrelar atuações supostamente distintas sob uma mesma lona: batuqueiros, capoeiristas, cientistas, tecnólogos, músicos, bailarinos, artistas plásticos e visuais. As ações, discussões e apresentações do evento tinham como fio condutor o milenar ato de cozinhar – inegável arte tão atrelada com a cultura de matriz africana e sua miscigenação na diáspora brasileira. Esse texto é uma breve reflexão sobre o festival e suas relações no campo da arte, da política e dos afetos.
Culinária como roteiro
No site do evento aqui analisado, salienta-se a citação da Michel de Certeau:
“Os hábitos alimentares constituem um domínio em que a tradição e a inovação tem a mesma importância, em que o presente e o passado se entrelaçam para satisfazer a necessidade do momento, trazer a alegria de um instante e convir às circunstâncias” 4
Além, no texto de apresentação o festival define-se como um
Laboratório de vivências em arte contemporânea, tecnologias e culturas livres. Espaço para a memória múltipla, a inteligência programadora, a receptividade sensorial. A engenhosidade que cria artifícios, a capacidade inventiva da mini estratégia. O improviso. A inteligência do bem comum. A arte de cozinhar para todos. De todas as crenças, raças e amores.”
Michel de Certeau, na sua clássica análise dos bairros do centro histórico de Paris para o Ministério da Cultura Francês, mostrou a importância que a culinária do cotidiano e as táticas desenvolvidas por suas cozinheiras são um patrimônio parisiense, tão rico quanto as edificações do século XVI. Mais envolvente quanto suas comidas – ato de amor e de expressão – eram os afetos e efeitos da cartografia transitada por essas mulheres pela cidade em busca do melhor desconto, do melhor ingrediente. Associando-os ao ato de escrever, e como consequência, construir uma linguagem própria, acreditava que eram nesses atos simples – o que ele definia como as “Artes de fazer”: morar, cozinhar, transitar – que o ser humano se tornava capaz de criar subjetividades, potencializar sua existência e, o mais importante, reorganizar a ordem estabelecida através de seus próprios hábitos. Os verdadeiros movimentos de rebeldia estavam no dia a dia.
O GIA – Grupo de Interferência Ambiental é um coletivo de arte contemporânea que há 16 anos atua no mundo todo a partir de seu Quartel General em Salvador, Bahia. Dentre suas inventivas ações performáticas no espaço público, salientamos os pic-nics sob viadutos e a intervenção Gia cozinha pra você, em que ocupam museus e centros culturais com saborosas obras de arte. Em seu catálogo, expressam:
Aleatoriedade, humor e reflexões a respeito da vida cotidiana e suas singularidades: talvez esses sejam pontos chaves do GIA, coletivo artístico que foge a qualquer tentativa de definição. O grupo é formado por artistas […] que têm em comum, além da amizade, uma admiração pelas linguagens artísticas contemporâneas e sua pluralidade, mais especificamente àquelas relacionadas à arte e ao espaço público. Pode-se dizer que as práticas do GIA beberam na fonte da arte conceitual

Para ler o texto completo, é só clicar aqui
ou copiar o link: http://cozinhanegra.wordpress.com/a-ancestral-idade-cozinha-e-arte-contemporanea/

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