quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Não vote em candidato do sorriso amarelo!

Coletivo baiano concorre a prêmio na Alemanha


Katherine Funke

Divulgação | Gia
Na foto, o último trabalho antes da viagem: bandeiras amarelas na Rótula do Abacaxi

Na foto, o último trabalho antes da viagem: bandeiras amarelas na Rótula do Abacaxi

Mesmo sem falar o idioma alemão, os integrantes do Grupo de Interferência Ambiental (Gia) embarcam hoje (4/9) para Colônia, na Alemanha, com o propósito de darem a si mesmos algum tempo para entender a dinâmica da cidade e preparar a interferência urbano-artística que irá concorrer ao prêmio Nam June Paik.

A contar de hoje, o coletivo baiano terá 23 dias para elaborar o que irá expor entre 26 de setembro e 16 de novembro no museu Wallraf-Richartz. Se vencerem os concorrentes, os seis artistas receberão 25 mil euros.

O Gia foi um dos cinco grupos artísticos ou artistas do mundo selecionados pela comissão curadora do prêmio, do qual faz parte Solange Farkas, diretora do Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM).

Solange também indicou a paulista Tatiana Blass, autora do vídeo "O engano é a sorte dos contentes", premiado no Salão da Bahia de 2007. Os outros artistas são estrangeiros: os americanos de Damaskus (LA) do The Speculative Archive, formado por Julia Meltzer and David Thorne, os japoneses Shiho Fukuhara and Georg Tremmel (de Tokyo) e Attila Csörgo (Budapeste, Hungria).

Além da diretora do MAM, participam da comissão curadora profissionais de Tokio, Nova York, Budapeste e Frankfurt.

EXPECTATIVAS
Os integrantes do Gia dizem não conhecer muito o trabalho dos concorrentes, mas estarem satisfeitos com a oportunidade de passar três semanas a observar, juntos, a dinâmica urbana de Colônia, o que nem sempre é possível em Salvador.

"A gente vai estar junto durante o mês inteiro, praticamente", disse agora há pouco Cristiano Piton, 29, por telefone, interrompendo por instantes a arrumação de suas malas. "Só isso já vai ser muito bom. Fora a possibilidade de um certo reconhecimento internacional".

Piton e mais dois integrantes - Everton Marco e Marc Dayves - partem hoje à noite, às dez e meia. A outra metade segue pouco depois: Tiago Ribeiro, Ludmila Britto e Pedro Marighella.

Como idiomas estrangeiros, eles levam inglês e portunhol selvagem. "Vamos ter dificuldade de comunicação, mas minha expectativa é que vai ser bom. Nem tenho esperanças que a gente vai ganhar o prêmio, só se der zebra, pois parece que é primeira vez que abrem para coletivos de intervenção urbana como o nosso", conta Ribeiro, 29.

Na bagagem, seguem o carrinho e o tabuleiro do Gia, ferramentas de interferência urbana que já são a marca do coletivo. "O carrinho e a caixa funcionam como iscas. Queremos mesmo é conhecer as cenas de lá, as coisas da cidade. Cada localidade tem seu jeito, e é isso o que queremos captar", diz Piton.

Como de praxe, o Gia também deve propor a polêmica em torno do contraste entre museu e rua e entre público e privado. Esse é o mote de grande parte das ações do grupo, como a realizada no início dessa semana, em Pernambués e Cabula.

Com uma caneta piloto amarela, o Gia pintou os dentes de fotos de candidados a vereador e a prefeito de Salvador. Além disso, aproveitou a hora do almoço dos cabos eleitorais que trabalham na Rótula do Abacaxi para estender bandeiras totalmente amarelas, sem mensagens escritas, repetindo com a campanha política a mesma provocação já realizada outra vezes em relação à publicidade comercial.

Da Alemanha, os artistas prometem atualizar com freqüência o blog Provocative Fragance.

As passagens de volta estão marcadas para 3 de outubro.
Auf wiedersen (até logo), Gia!



http://www.atarde.com.br/muito/cultura/index.jsf

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